Quais são as consequências de existirem poucos sacerdotes, religiosos e paróquias para responderem ao crescimento global dos católicos no mundo todo?
Em alguns lugares, o fenômeno de fechamentos e consolidações de comunidades paroquiais tiveram como consequência a existência de "grandes paróquias". Sobretudo na Europa e na América do Norte, onde isto já acontece. Gray explicou que o resultado poderia ser uma crise da comunidade, nas quais muitos católicos experimentam o "anonimato" em meio a tantos paroquianos.
Estes católicos "anônimos" estariam menos entusiasmados na participação da vida paroquial: doariam e participariam menos nos sacramentos e trariam cada vez menos vezes os seus filhos à Igreja.
Particularmente, isto é mais difícil para a Europa e para a América do Norte, assinalou Gray, porque historicamente estas regiões eram bem atendidas com paróquias e sacerdotes e estão acostumados a terem comunidades locais menores ao invés de grandes paróquias missionárias.
Agora, as paróquias não seriam somente maiores, como também os sacerdotes serviriam a diversas paróquias, deixando os católicos com menos oportunidades para relacionar-se com seu pároco.
"Por muito tempo as pessoas esperavam ir à sua paróquia local quando quisessem, batiam na porta e lhes abria um sacerdote. Especialmente quando alguém estava muito doente", recordou Gray. Agora isto parece ser difícil.
A Europa vai ter uma diminuição de cinco por cento no tamanho da sua população católica até 2050, prediz o relatório, mas é impressionante que o número de sacerdotes diocesanos e religiosos com votos tenha diminuído em cerca de 40% desde 1980, assim como diminuiu o número total de paróquias.
Por conseguinte, sacerdotes de outros continentes, como por exemplo a África, tiveram que transladar-se para servir os católicos da Europa e da América. Isto põe uma pressão adicional sobre a Igreja na África, onde o crescimento significativo nas paróquias, sacerdotes e religiosos ainda não consegue responder ao maior auge da sua população católica.
"Enquanto alguns sacerdotes africanos servem internacionalmente em paróquias do mundo inteiro, isto pode chegar a ser mais difícil nas próximas décadas, pois existem necessidades mais urgentes no próprio continente", assinala o relatório.
Das regiões incluídas no relatório, a África experimentou o maior aumento de católicos por paróquia desde 1980, passaram de 8.193 católicos por paróquia em 1980 a 13.050 em 2012.
Apesar de o número de sacerdotes e paróquias na África subirem mais de 100% durante este período de tempo, o número de católicos cresceu em 238%, o que aumenta a proporção entre o número de católicos e o número de sacerdotes e religiosos.
Segundo estas investigações, o esplendor católico pelo qual está passando o continente é uma consequência do auge da sua população, pois as taxas de fertilidade em qualquer região estão relacionadas diretamente com a vitalidade da Igreja nessa zona.
Quando a taxa de fecundidade está abaixo do nível de substituição de 2,1 filhos por casal – como acontece na maioria dos países europeus – a Igreja está numa situação complexa.
Quando a taxa de fecundidade é mais alta e está acima da taxa de substituição – como na África subsaariana com um 5,15 – a Igreja está crescendo rapidamente.
E quando a taxa de fecundidade se aproxima do nível da taxa de substituição – como na América Latina e no Caribe, onde diminuiu de 4,2 em 1980 a 2,18 em 2012 – o crescimento da Igreja está em desaceleração.
A explicação do Dr. Mark Gray para isto é simples: menos nascimentos "significa eventualmente um menor número de batismos, primeiras comunhões, menos matrimônios e populações menores".
Fonte: Acidigital
Nenhum comentário:
Postar um comentário