Prefeitos de outras cidades do mundo também estavam presentes, como o de Nova York, Bill de Blasio.
"A escravidão ainda existe em nossas cidades, incluindo aqui em Roma", disse o prefeito da capital italiana Ignazio Marino.
Ex-cirurgião, Marino denunciou o tráfico de órgãos, que ele garante que deve crescer, dada a demanda crescente. Cerca de 10.000 operações são realizadas a cada ano para extrair órgãos para o benefício de pacientes ricos em todo o mundo.
Estas operações ilegais são realizadas principalmente na China, Índia e Paquistão, assegurou.
Mas, advertiu, "a África é a nova fronteira" deste tráfico internacional. O prefeito de Roma também advertiu contra a tentação de legalizar esse tráfico, permitindo a doação de órgãos em troca de remuneração, como, segundo ele, estuda os Estados Unidos.
Testemunhas mexicanas
A conferência, organizada no Vaticano, também ouviu o testemunho de duas jovens mexicanas, Karla Jacinto e Ana Laura Perez Jaimes, ambas feitas "escravas" durante anos em seu país.
Karla foi forçada a se prostituir a partir dos 12 anos, presa em um bordel mexicano onde fez as contas de seus "clientes" até sua libertação aos 16 anos: mais de 42.000.
Ana Laura relatou, por sua vez, como viveu por cinco anos presa em celas e, por vezes, forçada a trabalhar 20 horas por dia, até que conseguiu escapar aos 23 anos.
"Não é possível que isso continue a existis, não é possível que nós permanecemos cegos" para lidar com esta situação, declarou.
"Temos que mudar nosso estilo de vida", defendeu Anne Hidalgo, prefeita de Paris, pedindo a implementação de uma "economia de menor impacto", privilegiando, por exemplo, a reciclagem.
Hidalgo agradeceu o convite do Papa, que permitiu comparar as experiências de dezenas de prefeitos em todo o mundo sobre temas chave.
Papa pede firmeza
Durante sua fala, o Papa Francisco exortou a Organização das Nações Unidas (ONU) a adotar uma "postura muito firme" contra a mudança climática na cúpula sobre o aquecimento global marcada para dezembro em Paris.
"Tenho grandes esperanças na cúpula de Paris", declarou o Papa. "Tenho grandes esperanças de que um acordo fundamental seja alcançado. A Organização das Nações Unidas precisa adotar uma postura muito firme nisso."
Francisco, que falou de improviso em espanhol no fim do primeiro dia do evento, declarou esperar que a reunião parisiense trate "particularmente de como ela (mudança climática) afeta o tráfico de pessoas".
No mês passado, Francisco emitiu uma encíclica sobre a mudança climática, a primeira dedicada ao meio ambiente. A exortação para 1,2 bilhão de membros da Igreja pode levar os católicos de todo o mundo a fazer lobby com formuladores de políticas a respeito de temas ecológicos e da mudança climática.
Carta de prefeitos brasileiros
A carta que os prefeitos brasileiros vão entregar ao Papa diz que os governos locais - as Prefeituras - também devem colaborar para reverter a crise climática global e cita metas estabelecidas para desatrelar o desenvolvimento das cidades do aumento de emissões de gases de efeito estufa.
O texto menciona que as mudanças climáticas pioram a qualidade de vida, especialmente da população mais carente, e que, para superar a vulnerabilidade dos mais pobres, adota políticas públicas de inclusão social.
Os prefeitos ainda pedem que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheça a importância dos governos locais na sustentabilidade do mundo e desenvolvimento humano.
Fernando Haddad foi convidado para um seminário com 15 prefeitos de todo o mundo e o governador da Califórnia no Vaticano nos dias 21 e 22 de julho de 2015. O convite foi assinado pelo monsenhor Marcelo Sanches Sorondo, responsável pelo sacro Colégio.
Fonte: G1.com
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