sexta-feira, 5 de setembro de 2014

IGREJA CATÓLICA:Na Origem de Favelas do Rio


A Igreja Católica teve um papel importante no processo de surgimento de favelas na capital fluminense e, consequentemente, de seus nomes. A área onde está hoje a Rocinha era de propriedade de padres jesuítas – ordem responsável pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), vizinha à comunidade. Sensibilizados, os religiosos permitiram que pessoas humildes morassem no lugar, montando pequenas chácaras. O nome surgiu anos depois.
“Em 1920, quando o prefeito Carlos Sampaio criou as feiras livres, surgiu a feira da Gávea, na Praça Santos Dumont. Como a população não estava acostumada a comprar frutas, legumes e hortaliças nesses locais, as pessoas ficaram impressionadas com a qualidade e o frescor dos alimentos. Elas perguntavam de onde vinham os produtos e os vendedores respondiam: vem lá da minha rocinha. Ficou, então, o costume de chamar o Alto Gávea de Rocinha, muito antes da favela existir”, relata Teixeira.
A Igreja também foi determinante para o nome da Favela do Vidigal. O Mosteiro de São Bento era o dono do terreno onde está a comunidade e o doou, em 1820, ao major da polícia Miguel Antunes Vidigal como gratidão por serviços prestados. “O que aconteceu depois disso é incerto. A única coisa que se sabe é que ele morreu em 1850 e a favela surgiu em 1940, quase 100 anos depois. Constam nos registros que o major não teve filhos”, diz o historiador.


Rocinha com o mar de São Conrado ao fundo
Há ainda a influência religiosa no nome da favela Santa Marta, chamada por alguns moradores de Dona Marta. No século 17, o padre Clemente Martins de Matos, tesoureiro da Sé do Rio, comprou as terras do atual bairro de Botafogo e colocou o nome da mãe no morro que limitava seu terreno.
A favela, no entanto, só teve seu início na década de 30, quando a área já pertencia aos padres jesuítas do Colégio Santo Inácio. Eles deixaram que operários que trabalhavam nas obras da instituição de ensino se instalassem no local.
A favela de Vigário Geral, onde até a década de 30 ficava uma grande fazenda dividida em vários povoados, seria uma referência ao padre responsável por celebrar missas em todas as paróquias da região, segundo uma pesquisa da ONG Viva Rio.
A Cidade de Deus surgiu de uma ideia de Dom Hélder Câmara para o então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, amigos que viraram inimigos confessos. O conjunto habitacional foi inicialmente construído para receber funcionários do antigo Estado da Guanabara, mas com as enchentes que atingiram o Rio em 1966, desabrigados pelas chuvas e moradores de favelas removidas foram levados para lá.
“O projeto religioso do local está presente em alguns logradouros, como a Praça da Bíblia e as ruas Moisés e Salomão”, conta José Baptista Ferreira de Mello, coordenador do projeto "Roteiros Geográficos do Rio", da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Fonte: Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pai e filho serão ordenados sacerdotes nos Estados Unidos

WALSINGHAM - Em um acontecimento pouco comum na  Igreja  Católica, pai e filho serão ordenados sacerdotes nos Estados Unidos....