sexta-feira, 19 de abril de 2013

Terra Santa Brasileira


No Vale do Paraíba, no meio do caminho entre São Paulo e Rio, uma pequena região é uma terra santa. Terra da Padroeira do Brasil e do primeiro santo brasileiro. E lá duas cidades crescem movidas pela fé de gente que chega de toda a parte para pedir e agradecer.
Em Aparecida, os romeiros repetem a via sacra, os últimos momentos da vida de Jesus Cristo.


Uma subida cansativa, mas Seu José Carlos foi até o fim, mesmo com um tumor no pulmão. “Posso estar sentindo falta de ar, mas me sinto aliviado e fortificado pela caminhada”, declara o gráfico José Carlos de Araújo.
“Essa dor na perna não é brinquedo, mas eu vou lá”, diz Maria Estela Fernandes de Barros, doméstica.
“Com esse mundo que vivemos hoje vale a pena tudo isso”, declara a aposentada Nair Pereira.
É no Rio Paraíba do Sul   que começa essa história de fé. Foi nas águas da região que a imagem de Nossa Senhora apareceu. Era uma época de poucos peixes. E quando os pescadores lançaram a rede em um ponto, encontraram o corpo da imagem de uma santa. E mais adiante, na curva do rio, lançaram a rede novamente e pescaram a cabeça da mesma imagem. Depois disso, peixe não faltou por lá. Era a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que o povo passou a chamar de Nossa Senhora Aparecida.
A santinha do século XVIII está exposta na Basílica de Aparecida, a maior do mundo em louvor à Nossa Senhora.
O numero de fiéis que visitam o Santuário só aumenta. No ano passado, foram mais de 11 milhões. E ninguém sai de lá sem rezar aos pés da padroeira.
E dependendo do dia que se vai à Aparecida, para conseguir ver a imagem da santa de perto tem que enfrentar uma multidão.
“Quando eu venho aqui, parece que eu estou no céu. Para mim é uma coisa tão gostosa”, declara Maria de Fátima Moura da Silva.
“Eu não andava. Essa perna minha não tinha movimento. Aí fiz um pedido pra Nossa Senhora e graças a Deus fui atendido”, conta um homem.
Quantos agradecimentos guarda essa basílica monumental. A gente vê que muita gente traz as próprias joias, brincos, correntes, cruxifixos, relógios e há outras pessoas que preferem trazer uma foto. E todas as fotos também estão expostas. O teto é forrado de fotos de pessoas que tiveram seus pedidos atendidos.
A cidade vizinha também é movida pela esperança. Guaratinguetá, terra de Frei Galvão, o primeiro brasileiro a se tornar santo.


Há quem busque cura na água da fonte, ao lado da casa onde ele nasceu.
Mas o Frei Galvão ficou famoso mesmo por causa das pílulas de oração. O Frei, que viveu no século XVIII, ia de casa em casa rezando e levando conforto aos doentes. E quando já não dava mais conta de tantas visitas, ele decidiu escrever orações à nossa senhora e enviar a quem precisasse delas. Assim, surgiu a pílula contra os males do corpo e da alma.
“E com isso foi aumentando cada vez mais a fé naquela pílula como se fosse um remédio”, conta o padre Narcir Jacinto Braga, da catedral de Santo Antônio.
As orações escritas em pequenos pedaços de papel continuam a ser distribuídas, mas hoje o santo conta com a ajuda de muitos fiéis. Só aqui, no segundo andar da igreja em que Frei Galvão foi batizado, mulheres conseguem produzir 100 mil pílulas por mês.
Repórter: Todos os dias vocês estão aqui?
Dona Ondina Aparecida Kalil: De segunda a sábado.
Repórter: Quantas horas por dia?
Dona Ondina Aparecida Kalil: Cada um dá as horas que pode. De uma até cinco horas, cinco e meia.

Todas são voluntárias, mas tem até caderno de ponto. As orações em papel comestível são cuidadosamente enroladas. Há 14 anos é Dona Ondina quem corta os papeizinhos. “Mão de velha, mas não tem calo”, diz Dona Ondina.
De três em três, eles vão os para saquinhos com a imagem do santo e a novena. “É a fé que cura”, declara Maria Conceição Tristão.
Trabalho de paciência e dedicação ao santo.
Mesmo quem já foi agraciado volta para buscar mais pílulas. Desde a cirurgia bem sucedida do filho, muito tempo atrás, Benedito passa todo dia na igreja antes do trabalho. A gratidão é para toda a vida.
Repórter: Faz 16 anos.
Benedito José Gonçalves: 16 anos.
Repórter: E todos os dias você vem à igreja agradecer.
Benedito José Gonçalves: Agradecer.
Repórter: Essas lágrimas são do quê?
Benedito José Gonçalves: De emoção, de muita fé que eu tenho nele.

Fonte: Globo Repórter 

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