sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Sacerdote que cuida de ex-detentos


Então, eu acho que a pessoa que pratica a caridade, com suas virtudes, é muito acima do que ficar rezando o dia todo. Deus precisa muito mais, afinal, o segundo maior mandamento de Deus, qual é? Amar o próximo como a si mesmo”, declara o Padre Jocelir.


Principalmente quando o próximo precisa de perdão e de uma nova chance. Como Edgar e Genivaldo, que agarraram a mão estendida pelo padre.
"O problema do preso é o seguinte: o preso, quando ele ganha liberdade, ele sai na rua e não tem a confiança de ninguém. Ele não tem a confiança de ninguém. Então, o padre, ele foi a pessoa que já foi abrindo as portas pra mim”, diz Genivaldo Santana, serralheiro.
"Quando você se sente útil, você se sente necessário. Isso aí é um combustível para você trabalhar. Para você viver”, diz Edgar de Jesus, mecânico.
O padre deu uma força até na vida afetiva. Os dois reencontraram o amor dentro da igreja.
"Eu nunca tive preconceito dele, isso jamais passou pela minha cabeça. Porque as pessoas me criticavam, sabe? ‘Ah, você não merece uma pessoa assim, você merece coisa melhor’”, declara Ana Aparecida dos Santos, aposentada.
“É sempre aquela palavra forte, né, se envolvendo com ex-presidiários, como se eles não fosse ninguém. E não é assim", conta Carla Cristina Lucindo, operadora de montagem.
Assim como Edgar e Genivaldo, centenas de presos em regime semiaberto já trabalharam nas obras do padre. Ajudaram a construir a própria igreja. E um centro social, no bairro mais pobre da cidade. Eles recebem um salário e têm a pena reduzida. A próxima obra, quando passar o período de chuva, será uma quadra poliesportiva.
A música tem papel fundamental nas missas. Os fiéis lavam a alma. Mas segundo o padre, o grande segredo está no acolhimento, com um toque bem pessoal. “O povo hoje quer muito, eu diria assim, de tocar. Hoje o povo tem necessidade. Já que vivemos no mundo do individualismo, que ninguém mais quer que se toque, esse toque faz diferença", declara o padre Jocelir.
Terminada a missa, o padre conversa individualmente com todas as pessoas que quiserem, o que às vezes entra pela madrugada. A fila é grande.
“É a verdadeira paz interior, vale à pena você ficar esperando. E já fiquei esperando até mais, né, Rê? E vale a pena mesmo, é muito bom. Sai daqui leve, livre, coração aberto", declara Lúcia Cristia Rúbio, desempregada.
Vendo o rebanho crescer, enquanto o número de católicos diminui, o padre acredita que a fé está acima das igrejas. "Vou ser bem sincero. Eu não vejo a Igreja evangélica como rival. Por quê? Primeiramente nós não temos Deus em uma gaiola como só nosso. Deus é de todas as religiões. Então, muitas vezes, ‘ah, vou virar evangélico’. Louvado seja Deus, se você vai viver uma coerência, seja evangélico. É melhor ser um bom evangélico do que um péssimo cristão. Porque não basta simplesmente dizer ‘eu sou cristão  Mas você participa? Não. Vai à Igreja? Não. Você vai à missa? Não. Você ajuda? Que cristão que é?", indaga o Padre Jocelir.
Fonte: Globo Repórter 

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